sábado, 14 de junho de 2008

A última aula: uma lição de vida

A última aula: uma lição de vida

Um professor de ciência da computação nos Estados Unidos descobre que tem um câncer no pâncreas e decide dar uma aula diferente. A aula de despedida. Uma lição de otimismo, uma lição de vida. Uma aula que está emocionando milhões de pessoas no mundo todo.


Um professor de ciência da computação nos Estados Unidos descobre que tem um câncer no pâncreas e decide dar uma aula diferente. A aula de despedida. Uma lição de otimismo, uma lição de vida. Uma aula que está emocionando milhões de pessoas no mundo todo.

Randy Pausch estava no auge da carreira e num dos melhores momentos da vida: 47 anos, aparência jovem, simpático, cheio de energia. Um professor que encantava os alunos.

As fotos com a mulher e os filhos - de 5, 2 e 1 ano de idade - mostram uma família feliz.

Os planos e sonhos desmoronaram quando os médicos deram o diagnóstico, em agosto do ano passado. Randy tem um dos tipos mais violentos de câncer: No pâncreas, um órgão do aparelho digestivo. Viveria - no máximo - mais seis meses. Ele se viu diante da pergunta: o que fazer quando se tem data marcada para morrer?

Randy Paush disse que se fosse um pintor, faria um quadro. Se fosse um músico, teria composto uma música. Como é professor, decidiu dar uma aula. Para os colegas e alunos que lotaram o auditório, ele deu um aviso: não esperem lições sobre como enfrentar a morte. A lição é sobre a vida.

A aula foi um mês depois do diagnóstico. No único momento em que fala da doença, ele compara a vida a um jogo de cartas.

"Não podemos mudar as cartas que nos dão, apenas como vamos jogar aquela mão. E se não pareço deprimido ou abatido como deveria, sinto por desapontá-los. Aliás, estou em excelente forma, estou em melhor forma que a maioria aqui dentro", disse o professor.

E dá uma prova do que acabou de dizer. A aula se chama: "Como conquistar os sonhos de criança". Randy diz que sempre quis flutuar no espaço.

Não se tornou astronauta, mas conseguiu convencer a Nasa a entrar num avião que simula a gravidade zero.

Tentou ser jogador de futebol americano. Também não conseguiu, mas aprendeu uma grande lição no dia em que o treinador não parava de criticá-lo. "Se você está fazendo algo errado e ninguém diz nada, você está perdido. Os seus críticos são aqueles se preocupam com você."

E descobriu que é possível ser feliz mesmo sem realizar os sonhos do jeito que se imagina.

"Se você conduzir a sua vida do jeito certo, os sonhos vão ao seu encontro", afirmou.

Ele se tornou professor - na Universidade Carnegie Mellon, na Pennsylvania - de uma disciplina considerada árdua: ciência da computação.

Na palestra, ele mostra que cativava os alunos. Incentivando a imaginação deles e tentando fazer tudo ser divertido.

“Eu não sei como não me divertir. Eu vou morrer se não me divertir. E vou me divertir todo o dia que me restar".

A mulher dele, Jai, estava na platéia. Randy a usou como exemplo da importância de focar nos outros em vez de olhar só para si mesmo. O dia anterior à aula era aniversário dela, o último que - provavelmente - passariam juntos.

"Eu me senti mal por minha mulher não ter uma festa de aniversário apropriada. E achei legal fazer na frente de 500 pessoas”, disse.

Todos cantaram parabéns. A emoção tomou conta de Jai e da platéia.

Moshe Mahler era um dos alunos que assistiram à aula.

“Minha primeira reação foi perceber que estava ouvindo algo que se tornaria uma referência na minha vida”, contou o aluno.

“Procure o melhor nas pessoas. Talvez você tenha que esperar muito tempo, talvez anos, mas as pessoas vão mostrar o seu lado bom”, diz o professor.

A palestra se tornou um sucesso na internet. Já foi assistida por mais de dez milhões de pessoas e virou um livro. O professor Peter Lee - colega dele - também estava no auditório.

“Não há nenhuma grande revelação ou nova filosofia. Mas uma confirmação de que os melhores sentimentos que você tem sobre o mundo e sobre as pessoas são verdadeiros”, afirmou Peter Lee.

Numa entrevista, Randy disse: "eu não sei viver sem alegria, certo? Então eu estou morrendo e tendo alegria".

Mas revela: "Fico triste quando penso nos meus filhos. É como empurrar minha família para um precipício e não estar lá para protegê-los. Mas estou aproveitando meu tempo para fazer redes de proteção, para que não sofram tanto.

E encerrou a aula dizendo: “Estas palavras não são para vocês. São para meus filhos”.

Randy está fazendo tratamento. Depois de uma breve internação hospitalar, voltou para casa, ao lado dos filhos e da mulher.

Confira aqui trechos da palestra do professor Randy

Matéria do Fantástico (04/05/08)

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