sexta-feira, 16 de maio de 2008

Síndrome de Nínive

Síndrome de Nínive

Por Thomas Hahn (Blog: Kerigma)

Pois é. Aí Deus disse para Jonas:

Vá até Nínive e dá um jeito naqueles bárbaros assírios. Avisa que se eles não se emendarem de seus caminhos, serão destruídos.

Deus é Deus, mas tudo tem sua hora, o seu momento. É verdade que a turma de Nínive estava abusando da corrupção, da violência, do descaso para com Deus. Mas eram pagãos, não eram? E Deus era o Deus exclusivo da Igreja Evangélica de Jonas, em pleno desenvolvimento espiritual (53% dos membros achavam que tinham crescido espiritualmente nos últimos 12 meses, mercê da fabulosa série de sermões sobre espiritualidade zen proferidas por Jonas).

E se Jonas sofresse um ataque da parte daqueles ímpios? E se não pudesse completar sua série de sermões? Aquilo, sim, é que era obra de Deus!

“Me desculpe Deus”, teria dito Jonas, “Eu vou, sim, mas não para o Norte, para Nínive, mas sim para o Sul, participar de uma conferência (abençoada) sobre, justamente, a Espiritualidade Zen no Contexto Lacasiano.”

O que Jonas não levou em consideração é que sua desobediência a Deus poderia afetar, negativamente, a si próprio (três dias no estômago de um peixe deixam você com um odor meio, digamos, pungente) e à sua Igreja, que começou a viver escândalos e futricas.

Quando, porém, Jonas se arrepende e decide obedecer a Deus, e rumar para Nínive, capital da Assíria, a tempestade se acalmou.

Agora, sua performance em Nínive foi, para dizer o mínimo, amadorística. Principalmente para um profeta com a quilometragem de Jonas. Não foi convidado para dar conferências em igrejas evangélicas, pelo simples motivo de lá não existirem. Ficou tristemente limitado a pregar em praça pública. E, para curiosos e bêbados (além de alguns cachorros).

E a mensagem? Totalmente ultrapassada: Arrependam-se, ou...

Só que Deus era (continua sendo) Deus. Nínive inteira se arrependeu, para o intenso desgosto de Jonas – não eram eles os não-escolhidos de Deus? Que negócio é este? Mas, naquela hora, houve salvação em Nínive.

Os nossos profetas, se os há, estão na fase 1 de Jonas. Interessados em tudo, menos no enfrentamento da corrupção e da violência que subjuga o brasileiro. Não indo para Nínive, não pregando o arrependimento com perdão, ou então a condenação. Não querendo fazer um papelão.

Mas o nosso barco vai afundar, Jonas!

4 comentários:

Unknown disse...

Excelente texto, a "sídrome de nínive",talves, não deva ser encarado como uma doença propriamente dita, mas sim, como mais um dos sintomas da doença grave pela qual o moderno cristianismo foi acometido.

Anônimo disse...

excelente irmão
isso demonstra que aqueles que não querem obedecer ao SENHOR JEOVÁ vão viajar de peixe...


hahahahahahah
deve ser frio lá né, no estômago do peixe....

a paz do SENHOR JESUS

Anônimo disse...

tillmann78@hotmail.com

Muito bom Irmão Celso, estamos com saudades. Marcio. Que Deus te de muita paz.

Nina disse...

Seu texto é beem interessante, parabéns! Melembrei da musica da Fernanda Brum: " Como ouvirão se não há quem prege? Como pregar se ninguém se dispõe a ir??"
By the way, meu nome é Nínive.
:D

a paz do Senhor!